sexta-feira, 22 de abril de 2011

Relicário

Porque era Sexta-feira Santa, ela decidiu visitar seu relicário. E (re) descobriu por lá as coisas de sua infância: seu primeiro óculos, envoltos em um estojo de veludo vermelho, que ela usou quando tinha 8 anos, com a Mônica – usando óculos, evidentemente! – em cada uma das hastes.

Encontrou um brinquedo de origami, todo colorido de azul, verde, rosa, preto, da Feira da Liberdade, que ganhou de presente da mãe, e que até hoje funciona (dois palitos de sorvete colados a uma “estrutura” de papel, que, conforme movimentada, cria diferentes esculturas).

Seu Manual de Proprietário de um Le Cheval Break Light também estava lá. Dois cadernos de redação, também. Em um deles, o início do primeiro texto: “Quintanista, ai, que delícia!” Ela sempre gostou de descobrir palavras, e usou esta com gosto, quando pode.

Na caixa cor de rosa, com laço de fita verde, mais saudades: o convite de casamento que fora dado para sua avó.

Seus diários, seus cadernos, seus livros, suas fotos, todos estes guardados contavam sua história, formavam seu relicário. Tudo isto – e tudo o que ela ainda queria viver.

O que nos define? Nossas lembranças? Nossos guardados queridos? As músicas que ouvimos? Nossos princípios? Ou tudo o que nos dispomos a viver?

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