quarta-feira, 27 de abril de 2011

Leveza

Márcia querida, para você.


Porque ela achava que a vida podia ser leve, deixou o apartamento bagunçado. Os livros ainda estavam lá, nas prateleiras que ocupavam as paredes – todas – mas as agulhas de tricô estavam em cima da mesa, as almofadas estavam espalhadas, e o lavabo virou um depósito.

Porque ela queria a vida mais leve, preparou o estrogonofe com frango semi-pronto: já vinha desfiado, pré-cozido e, ainda por cima, tinha baixo teor de sódio. Para acompanhar, arroz delicioso, feito na panela elétrica, porque era preciso ter tempo para a cozinha e para o amor.

Porque ela queria leveza, um dia resolveu sair do balé. Fez dança do ventre, artesanato, giro sufi. Trocou de roupa, trocou de namorado e de marido, trocou de emprego – só os amigos ela não trocava. Com esses, compartilhou que não era para ser perfeito, era, isso sim, para ser bom.

Porque a vida precisava ser vivida com leveza, ela amou muito, e perdoou ainda mais. Porque se havia uma urgência – uma única urgência nesta vida – era essa: ser leve. Leve e feliz.

2 comentários:

  1. Chorei prá variar né? rsrsrsrsrsrsrsrs
    Obrigada por ser minha amiga viu! Beijo grande.....

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  2. Ah, querida, não é pra chorar... é pra ficar feliz! Leve... e feliz!!

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