terça-feira, 5 de abril de 2011

Honra

Ela abordou o policial militar e perguntou: “oi, senhor, desculpa, é o senhor que estava naquela viatura?”
“É, é sim.” “Foi o senhor que efetuou o disparo ali?” A conversa segue, e ela afirma: “olha bem para a minha cara, senhor. (…) O senhor tem a consciência do que o senhor fez.”

Ouvi esse diálogo durante a manhã, na CBN, indo trabalhar. Para quem não sabe, refere-se a um trecho de uma ligação feita ao 190 por uma mulher, que estava visitando o túmulo do pai em um cemitério em Ferraz de Vasconcelos, e presenciou a execução sumária de uma pessoa, que havia sido capturada por dois policiais. Enquanto conversava na central, ela também falou com o próprio policial que atirou.

Comecei o dia com outra perspectiva por causa dessa notícia. Sim, lamento tudo o que ocorreu. Mas admiro muito, muitíssimo, essa mulher. Essa mulher merece respeito, reconhecimento, aplausos. A vida dela mudou para sempre, mas ela não se curvou diante do medo, não calou, e – obstinadamente – agigantou-se diante do abuso de poder, da pobreza de espírito, da podridão que assola o caráter de tanta gente.

Honra é pouco para definir essa mulher. Ela merece muitas – e as melhores – palavras exatas: dignidade, coragem, ética, grandeza.

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