Eu te desejo...
entendimento.
Esclarecimento.
Compreensão.
Sentido.
Quietude.
Sossego.
Amor.
Aconchego.
Que sua vida seja plena. Que você seja muito feliz, muito feliz. Que sua mente encontre descanso.
Que seu coração encontre abrigo, e, sua alma, paz.
sábado, 29 de outubro de 2011
Fruto
Para sexta, 28 de outubro.
O sumo do fruto
adoçou os lábios. Escorreu pelos dedos e pelas palmas da mão...
penetrou nas papilas gustativas, na derme, e algum elemento de sua
substância fez mais que ativar os nervos sensoriais.
Estímulo elétrico
pelos nervos cranianos e pela espinha, de lá para o cérebro,
sinapse e resposta, para todo o corpo. Nariz, boca, estômago. Boca,
coração, ouvido. Nuca, cabelo, boca. Boca, dedos, quadril.
E o fruto
transfigurou o corpo. O corpo tornou-se fruto. Fruto verde,
sumarento, adocicado. Fruto corpo, corpo fruto, fruto vivo.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Solilóquio
Ele
conversava animadamente consigo mesmo. Sentado em um banco do metrô,
seguia viagem na linha azul. Falou sobre o tempo; depois protestou
sobre o aumento de preço de um item alimentício; logo após,
enveredou em num discurso inflamado sobre questões filosóficas e
religiosas.
As
pessoas olhavam, com espanto e curiosidade. Algumas eram discretas,
outras não disfarçavam e olhavam sem pudor.
Ele
então se levantou. Suas roupas eram simples e puídas. Ao se
aproximar da porta do vagão, viu seu reflexo, e seu solilóquio
ficou ainda mais intenso, com direito a gesticulações variadas,
para as quais seu interlocutor respondia com a mesma força.
Ao
chegar na estação, saltou do trem. Deixou muitos expectadores sem
respostas, diante dos mistérios da existência.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Lágrimas
Ela estava sentada em um banco, nos jardins da Santa Casa, no fim da tarde. A luz do sol banhava seus cabelos, e sua face, fazendo brilhar as lágrimas que rolavam.
Por que ela chorava? Eu não tive coragem de me aproximar mais e lhe perguntar. Aquela cena era insolitamente triste, e bela. Aquela mulher, com o vestido florido largo anunciando sua gravidez, chorava copiosamente. Pela doença de alguém? Por que ela tinha perdido alguém? O que lhe teria acontecido?
Em silêncio, retardei meu passo, desejando poder consolá-la. Então a vida, que, a cada dia, me encanta, de novo me ensinou que nós, adultos, às vezes perdemos a sabedoria, ao crescer. Uma pequena garota que passava, de mãos dadas com uma mulher - sua mãe? - soltou sua mão, correu em direção à mulher que chorava, e pousou sua pequenina mão sobre o colo daquela mulher.
Choramos todas nós, àquela hora. Eu, a mãe daquela criança, e a mulher no banco, que, agora, também sorria. Nesse instante, lembrei da Letícia, minha querida, que, dias desses, me disse: "Calma, tia! O seu choro também vai passar."
Que as lágrimas venham, e passem. Eu vou ficar calma, e esperar. Eu vou lembrar da criança que vi hoje, e do que a sábia Letícia, do alto dos seus 8 anos, me disse.
"Será que temos esse tempo, pra perder?
... A vida é tão rara..."
Lenine, Paciência.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Olhos
ou
Nunca – a palavra exata para 24 de outubro, segunda-feira.
Porque
os olhos brilharam mais... foi a luz do sol? Foi só a luz do sol, na
linda manhã? Ou foi por que você olhava para mim?
E
porque falar, naquele momento, era supérfluo. Desnecessário. O
instante já era pleno. O silêncio, eloqüente. Respeita o silêncio,
e olha. Olha, sobretudo.
E
porque, depois, você disse que nunca iria se cansar. Nunca? Nunca,
mesmo? Nessa hora choveu, choveu uma chuva forte e bonita, e eu
fiquei pensando se naquela hora os seus olhos estariam brilhando
também.
Porque
o seu olhar encontrou o meu olhar, e porque você nunca vai se
cansar, fecha os olhos, agora. Respira. E toca, bem de leve, o
futuro.
Porque hoje eu me lembrei do lindo Janela da Alma. É possível assisti-lo aqui.
Minas
ou
Ciclo - a sensação exata para minhas férias.
Fui para Minas,
terra da minha mãe, da minha avó, da minha bisavó, terra da minha
querida Letícia, me refazer. Fui para Minas para (re) nascer.
A
vida, bondosa e gentil, não me mimou apenas com queijos e doces. A
vida me colocou em Poços de Caldas, perto da casa da minha bisavó.
A vida me fez passar pela praça onde a bandinha toca à noite no
coreto. E me fez passar também pela Rua Assis e pela Rua Rio de
Janeiro, e pela Rua São Paulo. A vida fez meu coração transbordar
os sentimentos e brotar lágrimas nos olhos.
Depois,
em Campestre, a vida me fez decidir caminhos, sozinha na estrada de
terra. Direita ou esquerda? Morro acima, ou morro abaixo? Enfrento
aquela vaca imensa, com chifres, mugindo e vindo em minha direção
(ai, meu Deus!), só para chegar onde eu havia planejado, ou saio
pela tangente, mudo o rumo?
Um
dia depois, a vida de novo me encanta... e aí eu descubro que as
amoras, maduras, também podem ser da cor verde (!), e deliciosas...
lembrei de Piaget, e pensei que, naquele instante, eu estava em um
processo de assimilação, para depois equilibrar tudo, sensorial e
epistemologicamente.
O
quanto da vida nós não sabemos? Quais são os sabores que não
conhecemos? O quanto a vida nos surpreende? Quanto há, ainda, por
saber?
Vida...
deliciosa, surpreendente... fruto inacabado. Fruto verde.
“Em
tudo há um sentido.” – fala do personagem Jin, em Um Conto
Chinês.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Aviso aos navegantes
Caros leitores virtuais:
Vou fazer uma curta viagem... volto em 24 de outubro, cheia de palavras exatas temperadas com os doces ares de Minas Gerais.
Até a volta!
Vou fazer uma curta viagem... volto em 24 de outubro, cheia de palavras exatas temperadas com os doces ares de Minas Gerais.
Até a volta!
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Imperativo
Do pão, uma fatia.
Da massa e do doce, uma porção.
Do vinho, uma taça. Duas taças. Meia garrafa. Uma garrafa. Pode?
Um comprimido para a enxaqueca. Mais silêncio e escuridão.
Do chocolate, uma mordida.
Uma palavra para a chegada. Outra para a partida.
Da vida?
A vida?
Essa, só inteira.
Saboreada lenta. Vagarosa. Deliciosamente.
Íntegra. Com todas as dores, cores, sabores e amores.
Total.
Plena.
Da massa e do doce, uma porção.
Do vinho, uma taça. Duas taças. Meia garrafa. Uma garrafa. Pode?
Um comprimido para a enxaqueca. Mais silêncio e escuridão.
Do chocolate, uma mordida.
Uma palavra para a chegada. Outra para a partida.
Da vida?
A vida?
Essa, só inteira.
Saboreada lenta. Vagarosa. Deliciosamente.
Íntegra. Com todas as dores, cores, sabores e amores.
Total.
Plena.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Vislumbre
Os ventos sopram uma suave brisa noturna. Lá fora, faz frio. A casa está aquecida. Há sabores e cores na cozinha. Dentro de casa, não há tantos ruídos como lá fora. Mas é possível distinguir alguma música, barulhos na cozinha, e conversas.
As conversas são sempre importantes. Não importa o tema. As coisas grandes e pequenas, o preço do açúcar, a marca do azeite, a melhor folha para a salada, o projeto, as exceções, o emprego novo, o futuro, a viagem, os filhos.
A vida lá fora, a vida dentro de casa. O vislumbre da vida que se quer. O vislumbre da vida que será.
Porque hoje a vida me tocou.
As conversas são sempre importantes. Não importa o tema. As coisas grandes e pequenas, o preço do açúcar, a marca do azeite, a melhor folha para a salada, o projeto, as exceções, o emprego novo, o futuro, a viagem, os filhos.
A vida lá fora, a vida dentro de casa. O vislumbre da vida que se quer. O vislumbre da vida que será.
Porque hoje a vida me tocou.
Cápsulas
Para viver bem, reduzir enxaquecas, dores de estômago, ansiedade, depressão, mau humor. Para sorrir e cantar sem motivos aparentes. Para suspirar, para brilhar. Simples assim:
Pela manhã, em jejum, a primeira.
Outra ao final do dia, para adormecer bem.
Recomenda-se eventualmente uma alteração na rotina e na posologia, com uma terceira dose, ao longo do dia.
Fundamental a prática de exercícios físicos e a adoção de dieta balanceada para melhor efeito.
Pela manhã, em jejum, a primeira.
Outra ao final do dia, para adormecer bem.
Recomenda-se eventualmente uma alteração na rotina e na posologia, com uma terceira dose, ao longo do dia.
Fundamental a prática de exercícios físicos e a adoção de dieta balanceada para melhor efeito.
Esconderijo
A palavra exata gerada segunda-feira, 17 de outubro, nasceu agora.
Nem sempre se pode gritar. Às vezes não podemos, sequer, falar.
Nem sempre se pode gritar. Às vezes não podemos, sequer, falar.
Guarda então as
palavras – as que não foram ditas, as que esperam ser ouvidas –
no mais recôndito do teu ser. Esconde-as bem, até de ti mesmo.
Hão de ficar
prontas... elas então descobrirão, sozinhas – acredite! – qual caminho trilhar.
domingo, 16 de outubro de 2011
Dor
Lá fora, chove. Respingos de chuva na janela. Abro-a, e deixo o vento entrar.
Hoje os sinos não badalaram. Olho em volta e não encontro verso algum que dê conta do que me vai pela alma.
Cadê minha voz? Onde guardaram as palavras? Há palavras soltas pela sala... encontro cheiros e gostos na cozinha. Onde estão as palavras exatas?
As lágrimas embotaram minha visão.
E não há mais nada que se possa fazer.
Está feito.
A maior tristeza do mundo.
Cadê você?
Cadê minha voz? Eu queria gritar, mas minha voz não sai.
Calada, deixo tudo aflorar. A maior tristeza do mundo.
A dor mais triste do mundo.
Estou só.
Hoje os sinos não badalaram. Olho em volta e não encontro verso algum que dê conta do que me vai pela alma.
Cadê minha voz? Onde guardaram as palavras? Há palavras soltas pela sala... encontro cheiros e gostos na cozinha. Onde estão as palavras exatas?
As lágrimas embotaram minha visão.
E não há mais nada que se possa fazer.
Está feito.
A maior tristeza do mundo.
Cadê você?
Cadê minha voz? Eu queria gritar, mas minha voz não sai.
Calada, deixo tudo aflorar. A maior tristeza do mundo.
A dor mais triste do mundo.
Estou só.
sábado, 15 de outubro de 2011
Para compartilhar
Tom, querido, obrigada!
"O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra."
Guimarães Rosa
"O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra."
Guimarães Rosa
Clarividente
A
sala está vazia. Os armários, desocupados. De repente, tantas
coisas que estavam guardadas e já não eram mais usadas, jogadas
fora.
Ouve-se
o silêncio de todas as coisas. O silêncio reverbera n'alma. E, no
fundo, bem lá no fundo... um som, um olhar, um toque, um cheiro, um
gosto. Os sentidos aguçam. E as respostas para as perguntas, antes
caladas – é preciso coragem para fazer certas perguntas... começam
a surgir.
"Vou nascer de novo."
Pra você guardei o amor, Nando Reis e Ana Cañas.
Exatas
Essa
proposta já apareceu por aqui antes... mas aí de mim! Quase
impossível obter as palavras exatas e suas respectivas frases
entre onze pessoas discutindo tudo sobre a vida. Incrível trabalho
de coleta de material... e, sim, os autores bem entenderam que a
palavra exata não deveria necessariamente aparecer explícita na
frase... direto da casa de amigos queridos, que nos receberam com
muito carinho e cuidado, eis o resultado final: doze palavras exatas, treze frases, por onze convidados... e haja matemática depois de tanto vinho...
Amizade
A
cozinha é o melhor lugar para estar na casa.
Carrasco
A
vida me consome.
Pauta
Amigo
jornalista não pede pauta para outro amigo jornalista.
Fadiga
Eu
me recuso a pensar.
Maternidade
Ser
mãe vale tudo – inclusive levar um banho de leite numa festa.
Transformação
Nas
pessoas mais quietas estão as mentes mais barulhentas.
Felicidade
Com
as pessoas certas, no momento certo, do jeito certo, estou feliz.
Aforismo
A
busca pela idéia perfeita é apenas uma palavra, aquela que não
sabemos.
Brasil
O
Brasil sim, é um gorro lilás, de colete camafeu, subindo a ladeira
e buzinando muito.
Paz
A
busca eterna.
Sabores
“A fome e o amor movem o mundo.” (Schiller, poeta e filósofo alemão, citado por Câmara Cascudo em A história da alimentação no Brasil).
Múltiplas
Amou.
Bebeu. Escutou. Sorriu. Calou. E foi feliz.
Múltiplas
(versão 2)
Sexo.
Vinho Verde. Saussure. Semiótica. Viagens. Mudança.
Perspectiva. Novidade.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Quinze
Carinho.
Amor.
Sexo.
Paixão.
Amizade.
Sacrifício.
Compreensão.
Espera.
Compromisso.
Construção.
Zelo.
Espaço.
Apoio.
Cuidado.
Superação.
" (...) Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."
Vinícius de Moraes in Soneto de Fidelidade.
Amor.
Sexo.
Paixão.
Amizade.
Sacrifício.
Compreensão.
Espera.
Compromisso.
Construção.
Zelo.
Espaço.
Apoio.
Cuidado.
Superação.
" (...) Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."
Vinícius de Moraes in Soneto de Fidelidade.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Lapso
Trazia
nos dedos a memória do toque. Nos lábios, a memória do beijo. Bem
perto, a memória do cheiro. Fechou os olhos para recuperar, como num
instantâneo, não apenas fragmentos, mas todo o momento.
Traiçoeira,
a memória falhou neste instante. E, uma vez mais, o coração doeu.
"(...) Lapso
da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me
contêm.
Dorme insciente de alheios corações
Dorme insciente de alheios corações
Coração
de ninguém."
Fernando
Pessoa, in Cancioneiro.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Tentativa
Não,
hoje não me faltaram palavras exatas... por falta de uma, essa é a
terceira. Ainda que tenha gostado dos outros dois textos, leio e
releio e penso que não transmitem, com exatidão, a síntese deste
dia.
Ocorreu-me
então que tudo, nesta vida, é tentativa. Tentativa de ser feliz,
tentativa de fazer a escolha certa – inclusive da palavra exata – tentativa de fazer dar certo. Se formos éticos... Se
formos íntegros... se tentarmos, tanto quanto possível, respeitar
nossos sentimentos e nossos princípios... o que nós somos além disto? O
que nós somos além das nossas verdades, e dos atos que as refletem?
Se soubermos – e falarmos – sobre o que nos alegra, e sobre o que
nos machuca... Se conseguirmos respeitar o próximo mas – fundamental
– também nós mesmos... afinal, se não estivermos inteiros, como
conseguiremos nos doar?
Tentar
viver isto tudo não garante o sucesso de coisa alguma – eu já
disse antes que não acredito em auto-ajuda... Mas penso que seremos
mais autênticos, mais felizes, mais inteiros. E essa é, certamente,
uma tentativa que vale a pena.
Enquanto eu ouvia Ilusión, com Julieta Venegas e Marisa Monte.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Para compartilhar
Madredeus, As Ilhas dos Açores.
Para começar bem o meu primeiro dia de férias (mágica palavra exata...)
Uma música que amo profundamente.
Exílio
Para domingo, 09 de outubro de 2011.
Alguns
momentos são cruciais, nesta nossa curta trajetória. Talvez o mais
crucial deles seja quando sua alma sente-se exilada.
Sou
estrangeira morando em meu próprio país. Minha linguagem, minha
cultura, minha experiência prévia... nem sempre dão conta. Minha
alma mora agora em algum lugar - dentro de mim? Ainda está aqui? - não
a encontro mais, inteira. São apenas fragmentos. O vislumbre da
impermanência, a fragilidade da incompletude, a expectativa.
Faltam-me
palavras... falo apenas o que posso, não o que quero.
"Quimera a que não se pode renunciar
o paraíso acaso será?"
Desconheço o autor.
(frase exposta na estação Paraíso do Metrô)
sábado, 8 de outubro de 2011
Sonho
Acordou. Checou o relógio: 5h51. Ouviu o dia amanhecer, com o som dos pássaros bem perto da janela. Espreguiçou e sorriu. Pensava no dia anterior... e no que havia planejado para aquele que, aos poucos, começava.
Deu-se conta, então, que sonhara. Nos labirintos da mente, passado e presente se confundiram... miscelânea de imagens e, sobretudo, de sentimentos, naquele enredo que a mente engendrou. Suave, o sono veio de novo. E, uma vez mais, sonhou. Mas agora, tampouco era passado, ou presente. Era o futuro que batia à porta.
Sonhos, sonhos... o quanto falam por nós?
"O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa e, com sensíveis
Movimentos da esperança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
Os beijos merecidos da Verdade."
Fernando Pessoa, Horizonte.
Deu-se conta, então, que sonhara. Nos labirintos da mente, passado e presente se confundiram... miscelânea de imagens e, sobretudo, de sentimentos, naquele enredo que a mente engendrou. Suave, o sono veio de novo. E, uma vez mais, sonhou. Mas agora, tampouco era passado, ou presente. Era o futuro que batia à porta.
Sonhos, sonhos... o quanto falam por nós?
"O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa e, com sensíveis
Movimentos da esperança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
Os beijos merecidos da Verdade."
Fernando Pessoa, Horizonte.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
200
Entre
histórias reais – e outras nem tanto, que ficção também faz
bem... por entre músicas e outros textos que me falaram ao coração
– ou que por mim falaram, quando me faltou a palavra... entre
textos guardados há tempos no fundo da gaveta, e a palavra exata
encontrada na última hora do dia... esse é o post de número 200.
Ducentésimo
post... escrever é um prazer, uma dor, e uma alegria. É sempre uma
experiência que transcende o racional. Difícil atividade
metalingüística, propor-se escrever sobre a escrita.
Mais pessoal que
nunca, o que de fato posso dizer? Que nunca falte tinta, à pena da
minha alma. Minhas palavras são costuradas assim... com a matéria-prima essencial – vida.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Para compartilhar
O Flávio postou no face (obrigada!), mas eu quis compartilhar aqui...
Porque não se pode esquecer...
"Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração." Steve Jobs (1955-2011)
Porque não se pode esquecer...
"Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração." Steve Jobs (1955-2011)
Imperfeições
"São as imperfeições que nos tornam únicos, que nos tornam humanos" - é o que ouve Andrew, personagem de Robin Williams, no filme O Homem Bicentenário, quando encontra Oliver Platt, o cientista que o ajudará a finalmente tornar-se humano.
São as minhas (muitas, diga-se de passagem) imperfeições que me tornam única. Algumas, para minha (não mais íntima) alegria são atávicas. Acho que é essa a razão pela qual eu e minha avó brigávamos tanto. Tive a honra de conviver por muito tempo com uma mulher mais que especial, que moldou meu caráter e, ainda que ela não tenha querido (será que não?), me ensinou a ser, sim, muito brava, a lutar por tudo o que vale a pena, a esbravejar se for preciso, em nome daquilo que acredito. Talvez já tenha escrito isso em algum momento, mas o fato é que briguei com e pela minha avó em muitos momentos, até o fim da vida dela. E não me arrependo disso, não mesmo. Toda vez que olhava dentro dos olhos dela (castanho-esverdeados, que eu também herdei, que coisa boa!) sabia que estava fazendo a coisa certa.
São os seus defeitos que o tornam quem você é, que o tornam único. Repare bem: eu, você, todos ao nosso redor... todos temos nossas imperfeições. Compreender suas origens pode ser enriquecedor... será que algo que você carrega é um traço de caráter do seu avô, de uma tia, ou de seu pai? Saber o que se pode tolerar, em si mesmo e no outro, e o que não se aceita, é a questão que se impõe. Conviver (consigo mesmo e com o outro) pede a prática da tolerância, continuamente.
São as minhas (muitas, diga-se de passagem) imperfeições que me tornam única. Algumas, para minha (não mais íntima) alegria são atávicas. Acho que é essa a razão pela qual eu e minha avó brigávamos tanto. Tive a honra de conviver por muito tempo com uma mulher mais que especial, que moldou meu caráter e, ainda que ela não tenha querido (será que não?), me ensinou a ser, sim, muito brava, a lutar por tudo o que vale a pena, a esbravejar se for preciso, em nome daquilo que acredito. Talvez já tenha escrito isso em algum momento, mas o fato é que briguei com e pela minha avó em muitos momentos, até o fim da vida dela. E não me arrependo disso, não mesmo. Toda vez que olhava dentro dos olhos dela (castanho-esverdeados, que eu também herdei, que coisa boa!) sabia que estava fazendo a coisa certa.
São os seus defeitos que o tornam quem você é, que o tornam único. Repare bem: eu, você, todos ao nosso redor... todos temos nossas imperfeições. Compreender suas origens pode ser enriquecedor... será que algo que você carrega é um traço de caráter do seu avô, de uma tia, ou de seu pai? Saber o que se pode tolerar, em si mesmo e no outro, e o que não se aceita, é a questão que se impõe. Conviver (consigo mesmo e com o outro) pede a prática da tolerância, continuamente.
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Revelação
Ainda
que não tivesse corrido, ainda que não tivesse nadado... não, não
tinha feito nenhum esforço físico. Ainda assim, o peito arfava. Era
quase dor, pulsando sob a pele.
Hesitou. Temia
tanta coisa. O tempo, a história, o passado, o futuro. Acreditaria?
Seria possível? Seria verdade?
O que era quase
dor, doeu de verdade. Latejou. Sem mais poder ficar calada, falou.
Palavra por palavra, revelou tudo o que lhe passava na alma.
Seus olhos então
se abriram – a verdade revelada.
Não era dor,
latejando. Era amor. É amor.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Transcendência
Ele hesitou, mas acabou passando pela porta. E não, não foi o fim de sua vida. Aquela porta significava, sim, o fim, mas de um ciclo. Ao passar pela porta, ele alcançou entendimento. Transcendência. Compreendeu seu passado, ratificou suas escolhas no tempo presente, e seus dedos tatearam, agora sem medo, seu futuro.
A vida, e seus tantos sentidos. Vislumbrou que tudo era mais. Agora, ele sabia.
Porque hoje A Árvore da Vida novamente me inspirou.
A vida, e seus tantos sentidos. Vislumbrou que tudo era mais. Agora, ele sabia.
Porque hoje A Árvore da Vida novamente me inspirou.
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
Encanto
Palavras
me encantam. Palavras me impressionam pelo poder nelas contido...
pelo tanto que podem representar... impressiona-me como um conjunto
ordenado de fonemas, por sua vez ordenado em frases, por sua vez em
períodos e estes em histórias – e viva a sintaxe e a gramática,
a semântica, a pragmática e tudo o mais que torna a língua viva...
como podem construir e destruir, como podem fazer sorrir ou chorar
quem as recebe.
Quanta
beleza e quanta tristeza podem causar, as palavras... Quanto nos podem provocar... Hoje mesmo, em duas
situações distintas, as palavras foram meu passaporte para outros
tempos.
Pela
manhã, um paciente, afásico, contou-me sua história (e me permitiu
que fosse aqui mencionado, vale dizer). E nela... quantas imagens
intensas, quantas saudades do passado, tantas histórias de vida...
Eu me encantei.
Ao
fim do dia, novamente as palavras foram meu passaporte, em uma viagem
de volta ao passado, e deste para o futuro... quanta verdade e quanto
sentimento! Tão poucas palavras contendo uma força tão grande!
Quanta paixão, quanta vontade de viver. De novo, uma vez mais, eu me
encantei. E ainda estou, encantada.
Palavras,
palavras... mais do que viajar no tempo, hoje elas me transportaram
para o céu. E, de lá, eu ainda não voltei.
domingo, 2 de outubro de 2011
Prisma
Nunca
a expressão "é um filme para ser visto" fez tanto sentido
para mim. A Árvore da Vida é um filme para ser visto,
sobretudo. Terrence Malick faz uso de imagens deslumbrantes para,
como um prisma, decompor e defender suas opiniões: para ele, Deus
existe, e a vida, em todas as suas formas, é a prova disso. Vida, em
constante fluxo de permanente mudança, é a prova da Divina
existência.
Ainda assim, sua
visão de Deus é muito particular. Nada de acreditar que nós, seres
humanos, somos superiores aos demais seres viventes na terra. Nada
disso. Nós somos, no máximo, tanto quanto. Tanto quanto as árvores,
os insetos, tanto quanto a água, a luz e o magma, tanto quanto a
areia no deserto e os ventos que nela criam desenhos.
A questão não
passa por ser merecedor do que lhe ocorre – seja o fato bom ou mau.
No fim das contas, não importa se você escolheu o que ele pontuou
como o caminho da graça ou o caminho da natureza. A questão é
entender que graça e natureza se complementam – e que elas irão
atuar em sua vida a todo tempo, o tempo todo.
E o que resta,
afinal, para nós, humanos? Qual o sentido de tudo? Em meio a imagens
grandiosas da vida e silêncios eloqüentes, salta uma fala,
fervorosa e contundente: "a menos que você ame, sua vida
passará rapidamente".
Sutil
Comecei
a dirigir e não liguei o rádio, tampouco o ar condicionado. Abri as
janelas para deixar o ar entrar e ventilar. A luz do sol filtrou a
paisagem e criou desenhos sinuosos no chão. O vento entrando pela
janela do carro me contou que mais tarde iria chover...
Às
vezes nada como dar-se conta da impermanência de todas as coisas na
vida. Às vezes nada como reduzir os estímulos para perceber o
sutil, o essencial. Ar nos pulmões, a vida entrando pelos sentidos e
pulsando nas vísceras, veias e artérias. Isso é o essencial, e é
tudo que sutilmente preciso.
“E
vou contar esta história para provar que sou sublime.”
Fernando
Pessoa, por seu heterônimo Álvaro de Campos, em Tabacaria,
com uma mínima adaptação desta que vos escreve.
sábado, 1 de outubro de 2011
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