sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Tristeza

A senhora, idosa e avó, lhe falou sobre os filhos e os netos. Um a um, percorreu os retratos, narrando os fatos, viajando no tempo. Escolheu as palavras com cuidado, fez fio e trama, tecendo e recontando a própria história.


Ao mirar o retrato de um bonito rapaz, deteve-se por mais tempo. Alisou a superfície do vidro, os dedos passeando pela face e os cacheados cabelos. Anunciou: "Meu filho morreu jovem, faz muito tempo. Ele tinha 18 anos aqui."


A jovem ouviu o relato emocionada. Desejando, entretanto, que a tristeza não se instalasse, voltou a lhe perguntar sobre os filhos e netos – vivos, promessas de futuro. Ao que a sábia senhora lhe falou: "veja, é que estou assim hoje, triste. Todos temos dias assim."


A jovem então se resignou... Tudo o que pode dizer à senhora foi: "que Deus console seu coração de mãe." Sim, todos temos dias assim. Horas antes, era ela própria quem tinha chorado, pelo filho sonhado e negado.

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