quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Solilóquio


Ele conversava animadamente consigo mesmo. Sentado em um banco do metrô, seguia viagem na linha azul. Falou sobre o tempo; depois protestou sobre o aumento de preço de um item alimentício; logo após, enveredou em num discurso inflamado sobre questões filosóficas e religiosas.

As pessoas olhavam, com espanto e curiosidade. Algumas eram discretas, outras não disfarçavam e olhavam sem pudor.

Ele então se levantou. Suas roupas eram simples e puídas. Ao se aproximar da porta do vagão, viu seu reflexo, e seu solilóquio ficou ainda mais intenso, com direito a gesticulações variadas, para as quais seu interlocutor respondia com a mesma força.

Ao chegar na estação, saltou do trem. Deixou muitos expectadores sem respostas, diante dos mistérios da existência.

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