Ele
conversava animadamente consigo mesmo. Sentado em um banco do metrô,
seguia viagem na linha azul. Falou sobre o tempo; depois protestou
sobre o aumento de preço de um item alimentício; logo após,
enveredou em num discurso inflamado sobre questões filosóficas e
religiosas.
As
pessoas olhavam, com espanto e curiosidade. Algumas eram discretas,
outras não disfarçavam e olhavam sem pudor.
Ele
então se levantou. Suas roupas eram simples e puídas. Ao se
aproximar da porta do vagão, viu seu reflexo, e seu solilóquio
ficou ainda mais intenso, com direito a gesticulações variadas,
para as quais seu interlocutor respondia com a mesma força.
Ao
chegar na estação, saltou do trem. Deixou muitos expectadores sem
respostas, diante dos mistérios da existência.
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