quinta-feira, 31 de março de 2011
Triste coincidência
Na terça-feira optei por não postar, porque quis respeitar a morte de alguém que admirei. Hoje a morte está mais próxima. Faleceu, pela manhã, a avó de uma amiga muito querida. Em respeito à dor desta família, deixo aqui essas poucas palavras.
quarta-feira, 30 de março de 2011
Escarlate
Tom, muito obrigada!
O perdão de Cristo.
A fraternidade de Krzystof Kieslowski.
As Pontes de Madison, 300, Moulin Rouge.
Sangue.
Calor.
Hiperemia, inflamação, petéquias.
Sunday Bloody Sunday.
Pare!
Os bombeiros, o extintor de incêndio.
A linha 3 do metrô.
A minha bolsa da Benetton, que ganhei de amigos queridos, e que não existe mais – eu a usei até ela se decompor, Meg!
O Escort XR3 que minha mãe queria quando eu era criança.
Minhas unhas, agora.
Muitas roupas que gosto.
Petrúquio Petrônio.
Rosas. Joaninhas.
O Internacional. O Flamengo. The Cavaliers.
O Internacional. O Flamengo. The Cavaliers.
O boi Garantido.
Hinomaru. A folha de bordo canadense. Bandeiras da Espanha, da China, o brasão de São Paulo.
A bandeira socialista. O PT.
Touradas.
O flamenco e o tango.
Pinturas rupestres.
A Ferrari e a Coca-Cola.
A Ferrari e a Coca-Cola.
Marte.
A travessia do mar.
A Chapeuzinho. Os lábios da Branca de Neve.
O livro de Mao Tsé-Tung. O livro de C. G. Jung. O livro dos hobbits.
O livro de Mao Tsé-Tung. O livro de C. G. Jung. O livro dos hobbits.
Os índios.
A luz na casa de meretrizes.
O Papai Noel.
Tomates. Molho ao sugo, molho à bolonhesa.
Melancias, goiabas. Morangos e maçãs.
O vinho, ah! O vinho.
O sexo.
Cerejas.
A paixão.
terça-feira, 29 de março de 2011
Aviso aos navegantes
Um instante de silêncio, senhores. Penso que é o mínimo que posso fazer, em respeito à memória de José Alencar. Abraços, e até amanhã (voltem, por favor).
segunda-feira, 28 de março de 2011
Périplo
Para o João Pedro
O pequeno, em seu barco, alcançou mais uma praia. Catou conchinhas, admirou pequenos crustáceos, e foi nadar.
Ao mergulhar nas águas marinhas, deslumbrou-se com peixes, corais e algas coloridas. Brincou com cavalos marinhos. Avistou golfinhos, baleias e até um tubarão. O murmúrio das águas trouxe o canto das sereias e ele nadou depressa, para não se deixar encantar.
Ele voltou à superfície e içou as âncoras, conduzindo o barco em águas tranqüilas, sob o céu azul. Navegou até encontrar uma ilha e decidiu parar – quem sabe não encontraria ali um tesouro?
Nesse exato instante, ouviu sua mãe gritar:
“– João Pedro!!! Saia já dessa banheira e venha almoçar!”
“– Ai, mãe, que saco!” – resmungou. A mãe sempre o chamava na melhor parte do banho.
domingo, 27 de março de 2011
Toque
Ele a tocou de leve, suavissimamente, afastando um fio de cabelo colado no suor de sua pele. Ela estremeceu.
Continuaram então conversando sobre questões profissionais – que eram muitas, sempre. Ao se despedirem, hesitaram entre se beijar ou apenas se cumprimentar à distância. Trocaram beijos rápidos, protocolares.
Naquela noite, cada um com seu par, eles fizeram amor. Cada um com seu par. Ele e ela, ele com ela.
sábado, 26 de março de 2011
Suspiro
Antônia pegou o batedor, a tigela, separou as claras dos ovos e pôs-se a batê-las em neve com fervor. Bateu, bateu, bateu. E bateu ainda um pouco mais. Aos poucos, foi adicionando o açúcar e as gotas de limão. Com cuidados de artista, depositou a mistura adocicada na forma, e a levou ao forno.
Enquanto esperava, se arrumou: banho, vestido vermelho e algumas gotas de perfume no colo. Os suspiros douraram prontos. Antônia pôs-se então a admirá-los longamente, até que se atreveu a comer um – doce, crocante, delicado, desmanchou em sua boca na primeira mordida.
Suspirou. Antônia suspirou docemente pelo amor. Mas o que queria eram suspiros – após o amor.
sexta-feira, 25 de março de 2011
Engano
Para Letícia
A menina chorava baixinho porque seu peixe morrera. Chorou quando o viu boiando no aquário, chorou enquanto seu pequenino corpo era enterrado, dentro de uma caixa de fósforos, no gramado na frente da casa – com direito a ritual fúnebre – e continuava chorando depois, olhando o aquário agora não habitado.
A mãe, sem saber o que fazer, disse para a filha que não se entristecesse, porque o peixe tinha ido "para o céu dos peixes". Aí a menina parou de chorar – secou as lágrimas que ainda escorriam na barra do vestido, e ficou pensando. Ela já sabia que o Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa não existiam – ela desconfiou um dia, e a mãe confirmou. Mas... céu dos peixes? E por acaso os peixes podem voar? Ela entenderia se fosse o Teco, seu canarinho amarelo. Mas o Mel, seu peixinho beta azul, no céu?
"Não dá, né, mãe?" "Depois de morto, o Mel criou asas?"
Adultos. Às vezes se enganam demais.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Princípio
Explico muito ou não explico nada? Esse é o princípio... e "no princípio era o Verbo". Depois de tantas andanças, resolvi voltar a escrever. Não, não – nunca publiquei nada. Também nunca fiz um blog. Mas já escrevi bastante, gosto muito de fazê-lo e decidi voltar – simples assim.
Se a palavra exata existe, nesse instante é essa: simples.
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