quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Lapso

Trazia nos dedos a memória do toque. Nos lábios, a memória do beijo. Bem perto, a memória do cheiro. Fechou os olhos para recuperar, como num instantâneo, não apenas fragmentos, mas todo o momento.

Traiçoeira, a memória falhou neste instante. E, uma vez mais, o coração doeu.

"(...) Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.
Dorme insciente de alheios corações
Coração de ninguém."

Fernando Pessoa, in Cancioneiro.

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