sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Para compartilhar

Não acho que esse vídeo seja lindo, definitivamente...
Mas essa música é muito especial, e não há nenhuma outra que possa dar conta de todos os sentimentos que transbordam em mim agora...


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Suspensão

Ah, vida...


Esse blog - e sua autora - vão ficar um tempo em suspensão.


Até a volta!


"Isso também passará"
Maude, personagem da brilhante Glória Menezes, no tocante Ensina-me a Viver.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Inusitado

Para 18 de setembro, domingo. 

É inusitado, mas, às vezes, me falta a palavra exata... anomia.

Às vezes falta a palavra que vai descrever com exatidão as sensações. Falta a palavra para falar sobre como o inusitado, tanto quanto inesperado, pode ser extraordinariamente bom, na vida. Às vezes falta a palavra para descrever a alegria, quando sabemos que há tantos caminhos, na vida, por andar.

Que me falte a palavra, às vezes. Mas que não me falte a coragem, tampouco o amor que tenho pela vida.

Vida

Para sábado, 17 de setembro de 2011.

Pode ser simples, simples e deliciosa, a vida.
Basta uma manhã de sol, no parque, vendo sua sobrinha brincar.

sábado, 17 de setembro de 2011

Ecos

Para sexta, 16 de setembro de 2011.


No dicionário, a definição de eco é "repetição de um som refletido por um corpo".
Minha memória, agora, está reverberando ecos... ontem, ontem, ontem.
Luz e sabor e cheiro e cor e som.
Ontem.



Will you ever welcome me?
Will you show me something that nobody else has seen?
R.E.M., E-Bow The Letter.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Amor

Queria escrever agora a palavra mais bonita. Queria que meus lábios encontrassem nesse instante o vocábulo preciso, definitivo, que minha fala fosse articulada por um seqüência harmônica de sons. Queria transmitir alegria.

Mas, por um momento, meu coração se encheu de tristeza. Às vezes a gente perde o sabor da alegria por sabê-la tênue e fugaz. Isso só me faz reconhecer a minha humanidade... meu coração é morada generosa. Lá habitam minha alegria, e também minha tristeza. Lá habita também meu amor. E este, este eu dou para quem o quiser. Mas, sobretudo, para quem eu quiser.

"Nós somos feitos do tecido de que são feitos os nossos sonhos"
William Shakespeare, The Tempest (trecho sublinhado - meu).


Para ouvir: Walking After You, Foo Fighters.
Para assistir: Sociedade dos Poetas Mortos.


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Memória


Pesquisas atuais demonstram que alteramos nossas memórias. O fato é armazenado não como aconteceu, mas passa pelo filtro das nossas experiências prévias e de nossas emoções. Podemos, inclusive, criar falsas memórias, considerando verdadeiro algo que não ocorreu.

Daqui a 10 anos, qual será sua lembrança do dia de hoje? Foi um dia que lhe marcou? Ou foi apenas “mais um dia”? Hoje você foi feliz? Qual cor, qual palavra, qual sabor ficarão em sua memória para falar sobre hoje, no futuro?


Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada.
Odes de Ricardo Reis

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Paradeiro

Rabiscou a palavra amor em um pedaço de papel.

Mais tarde, procurou... na agenda, nos bolsos da calça e do casaco. Entre os livros de cabeceira, junto da pasta de contas a pagar e dentro da gaveta com documentos. No porta-luvas do carro, na necessáire e junto dos bilhetes na geladeira. Dentro do portas-jóias? Junto dos tricôs, na gaveta?

Cadê?
Cadê?

"Todos os dias quando acordo, vou correndo tirar a poeira da palavra amor."
Clarice Lispector

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Cor

Para os olhos, preto.
Para o perfume, verde.
Para a roupa e os lábios, vermelho.

O coração, quente, bombeava a dúvida: será?

Porque a vida tem mais sabor colorida.

Questão

Para domingo, 11 de setembro de 2011

Dez anos depois... um memorial, muitas cerimônias, muitas histórias, muitas lembranças.

Ontem muitos familiares puderam celebrar e enterrar simbolicamente seus mortos. E isso é muito bom. Faz parte do humano a necessidade de ritualizar o começo, a trajetória, o fim.

Além de todas as possíveis interpretações políticas e econômicas, além de todas as análises sobre os acertos e os erros das estratégias que se seguiram depois de 11 de setembro de 2001, resta a questão sobre a trajetória maior, a da humanidade. ...

Será que um dia saberemos viver com mais humildade, fraternidade e sabedoria? Ou será que estamos inexoravelmente destinados a viver sem nos entender?

sábado, 10 de setembro de 2011

Reflexo

Olhou-se no espelho. Descobriu em si virtudes, desejos, defeitos. Tudo era novo. Como não se deu conta de nada daquilo antes?


O que era tudo aquilo que já tinha feito até agora? Ensaio? Arremedo? Não, arremedo não, posto que verdadeiro. Ensaio? Também não, porque foi tudo intensamente real.


O que faria, agora? Perguntou de novo para seu reflexo... mas ele não ouvi a pergunta, e não respondeu.

"Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!"

Álvaro de Campos - Fernando Pessoa, Tabacaria.

Conhecimento

A palavra exata para 09 de setembro, sexta-feira.

Conheceu o outro. Descobriu, depois, que conhecia a si mesmo. Pensou em essência de baunilha... sozinha, não poderia dar-se a conhecer. Entremeada em suas relações com outros ingredientes, adocica levemente, perfuma, encanta.

Desejou então a essência... de baunilha, de gengibre, de chocolate, de pimenta. O perfume do limão e da hortelã. Toda a palheta de cores e sabores, queria todas, não para si, mas para ser.

Representação

A palavra exata para 08 de setembro, quinta-feira.

Representou um papel diferente do que o que adotava, normalmente. Mudou tudo, de uma só vez. Tão difícil mudar... ainda mais assim, tudo, de uma vez só...

Poderia não ser... de fato ele disse que não, quando ela perguntou. Ela sorriu, não argumentou, mas pensou: "representação".

O que somos, afinal? Aquilo que pensamos ser? Aquilo que representamos (para nós e para os outros)? O que e quanto sabemos, de fato, sobre nós mesmos?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Tempo

Tina, amiga querida... para nós.

Percebeu a passagem do tempo pelas marcas que agora existiam ao redor dos olhos. Essas eram novas. Fios de cabelo brancos, entre os castanhos, já contavam que os grãos de areia passavam inexoravelmente pelo gargalo da ampulheta... mas as marcas em sua face, essas eram novas.

Chorou lágrimas adocicadas, lágrimas de tristeza e de alegria. Àquela altura da vida, nunca antes suas certezas estavam tão abaladas - seus princípios tão postos à prova. Nunca antes seus conhecimentos foram tão exigidos. Nunca antes precisou tanto (des) aprender.

A vida nos toca e nos provoca, a todo o tempo. O tempo passa e nos marca, pela vida afora.

Pleonasmo

Para terça-feira, 06 de setembro.

Por mais que tentasse, não conseguia enxergar ou fazer nada de novo. Decidiu parar de falar antes que o discurso embaralhasse. Ainda assim, o pensamento, traiçoeiro, deu tantas voltas ao redor de si mesmo, que se emaranhou. Não, não era bem aquilo, mas só pensava em pleonasmo.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pouco


Eles estavam na plataforma do trem. Entardecia.
Um vento úmido soprava lembranças.
Ela remexeu os bolsos do casaco. Encontrou uma foto antiga, uma tampa de caneta Bic perdida, um prendedor de cabelo e um pedaço de papel, ainda branco.
Suspirou resignada.
Era pouco.
Mas era tudo o que tinha.

domingo, 4 de setembro de 2011

Afeto


Mais uma história sobre Antônia...

A princípio eu queria contar uma história só, mas o post ficaria muito longo, e eu achei que seria melhor apresentar a personagem, o que por si só já construiu um texto, sobre beleza e a complexidade do feminino.

Essa foi a história que primeiro me motivou a escrever...e fala sobre como o afeto pode se manifestar de muitas formas em nossa vida.

Antônia compartilha sua rotina de trabalho com um senhor, igualmente solteiro, idades próximas, a quem chamarei de João. A mim, expectadora eventual, encanta ver como eles se tratam, com zelo e cuidado, um dia após o outro. No aniversário de João, Antônia comprou-lhe não sei quantas peças de roupas – ela sabia exatamente do que ele estava precisando. Todas as manhãs, Antônia prepara o café, traz o pão quentinho, e, entre uma demanda e outra, eles partilham a primeira refeição do dia.

Dias desses, Antônia se desgostou com a conduta adotada por sua chefe de trabalho – e com toda a razão, diga-se de passagem. No dia seguinte, assim que teve oportunidade, João tratou de defender sua colega de trabalho, sua cara amiga, e procurou pela chefe para dizer-lhe tudo o que achava estar errado em suas rotinas de trabalho. Não que Antônia não pudesse se defender por si só. Ela não só poderia, como o fez. É que João não poderia deixar tudo aquilo passar em brancas nuvens. Era preciso cuidar de sua colega, sua adorada amiga, e fazer valer sua voz. E lá foi ele, homem, cuidar e proteger.

Assim como Antônia, mulher, dele cuida e protege, no tempo e no espaço que eles compartilham afetuosa e diariamente.

sábado, 3 de setembro de 2011

Antônia


Essa é verdadeira...

Conheço uma mulher, a quem chamarei, aqui, de Antônia. Antônia, não o nome real – ainda que o verdadeiro seja lindo... mas um nome forte, tão forte como a personalidade dessa mulher.

Por razões não totalmente conhecidas – vai saber o que em nossa vida é escolha, o que é fruto de algo além de nosso controle – Antônia optou por não se casar. Solteira, sem filhos, empregou em seu trabalho toda sua vocação de cuidado, toda a vontade de servir ao humano, de organizar e de melhorar o mundo a sua volta. Antônia segue, um dia após o outro, incansável, transformando o mundo a sua volta.

O que há de mais belo nessa mulher, entretanto, não é o fato de como ela transforma em extraordinário tudo de comum que toca diariamente. A beleza maior reside na sua fragilidade. Às vezes parece que nem ela própria se dá conta – além de toda aquela força, a fragilidade feminina e doce que existe, e que ecoa em todos os seus atos.

Assim é Antônia: mulher forte, frágil, doce. Mulher como tantas de nós, e ainda assim como poucas, infelizmente.

Aftas


A palavra exata para sexta-feira, 02 de setembro. Ela demorou para nascer...

Escrevo porque gosto muito, desde sempre, acho que gostei das letras antes mesmo de aprender a ler. Foi quando tomei uma sopa de letrinhas, eu era muito criança, e formei a palavra “AFTA” na beira do prato. Depois disso, enquanto crescia, tive afta tantas e tantas vezes, e, por muito tempo, eu acreditei que era por isso.
Já faz tempo que as aftas se foram, ainda bem... mas hoje eu lembrei disso porque o que se escondeu foi minha capacidade de organizar letras e formar palavras, e palavras em frases. Hoje foi difícil escolher a palavra do dia, e sintetizar tudo, sabe?
Sei que você reparou que eu preenchi o silêncio com palavras eloqüentes, só para afirmar para mim mesma e para o mundo que estava bem, estava tudo bem.
A verdade é que estou bem, sim, mas não é tão simples assim.
Seja como for... o que é simples nesta vida, afinal? Acho que aftas na infância. Aftas devem ser simples.

Para ouvir: November Rain, Patience, ou outra do Guns N´Roses. Ou ainda Roxette, Sinead O´Connor, Losing my Religion do R.E.M., ou qualquer outra que te faça lembrar da sua adolescência, de 1995.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Tarsila


Desejo a modernidade da Tarsila. Desejo seus amores e suas pinturas. Desejo sua filha. Desejo sua fluência francesa. Desejo a intensidade com que viveu sua vida. Desejo sua obra.

Desejo, desejo. A própria antropofagia.

Manteau Rouge, disponível aqui