Verdade - Carlos Drummond de Andrade
"A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia."
Qual sua verdade? A minha exata, explícita, rasgada verdade, hoje, é: dói esperar. A minha exata verdade, hoje, é: queria celebrar. Eu colhi meu dia. Eu o celebrei. Mas eu o colhi, eu o celebrei... sozinha.
E... por mais que tenha paciência... por mais que tenha esperança... isso dói. Visceralmente. Dói.
Minha verdade é do tamanho exato da mentira que eu conto pra me acalmar. E, também, dói.
ResponderExcluirAlice, o que, afinal, dói mais em nós? Nossas verdades? Ou nossas mentiras?
ResponderExcluirA Clarice disse que às vezes, só uma mentira salva. Não sei, essa coisa de meias verdades, mentiras inteiras. Meia verdade pode ser também meia mentira, não é? Nossos ouvidos estão atentos, muitas vezes, apenas, às nossas verdades, e o outro torna-se mentira. Confuso. A dor existe tanto para verdade quanto para mentira, mas quem conta pode suavizar.
ResponderExcluirUm beijo.