Nós
somos espelhos, já disse Rubem Alves. E refletimos a imagem daquele
que, em nós, se mira. Em um relacionamento, é preciso que o outro
se sinta bem, para estar conosco. Se o reflexo no espelho é
admirável, o outro permanece. Por outro lado, se a imagem refletida
não agrada, é bem provável que o outro busque outra superfície,
na qual possa se ver melhor. Tal qual Narciso, é por nosso reflexo
que nos apaixonamos – é preciso que haja beleza, portanto.
Eu,
você, cada um de nós... pensemos no poder que temos, enquanto
espelhos, em uma relação. Se eu espelhar e apontar, com o dedo em
riste, apenas os defeitos do outro... ele vai acreditar, e se
entristecer – nós, humanamente, acreditamos naquilo que nossos
sentidos nos contam. A vida – ah, a vida! – entra em nós pelos
sentidos...
Como tocar amorosamente os sentidos do outro? Se eu,
espelho, refletir a beleza do outro... se eu, espelho, enaltecer as qualidades que
ele próprio duvida ter... se eu, espelho, lhe mostrar a beleza e a
vida que nele existem, pulsando... ele vai crer. E, mais do que crer,
ele vai deixar tudo aflorar. E, ainda mais do que crer, e deixar
aflorar... ele vai amar o espelho – o espelho que refletiu o que
havia de melhor em si próprio.
Sim,
nós somos espelhos. Mas, para viver o amor – para viver plenamente
o amor – nós precisamos ser espelhos mágicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário