Ou
elo, ou entrega. As palavras para este dia.
Hoje,
trabalhando, tive uma alegria especial. Uma de minhas pacientes,
afásica, voltou a escrever. Nós trabalhamos a escrita há algum
tempo, por meio da cópia – ela lê bem, mas não conseguia
escrever espontaneamente. De repente, estamos lá, no meio da
terapia, e ela começou a escrever. Escrever sozinha, escrever o que
queria, o que estava pensando. E o que foi que ela escreveu? “Falar
de voce.” Depois, na seqüência, escreveu também que queria falar
sobre a irmã.
E
eu, sorrindo por dentro e por fora, pensei que, nesta vida, a gente
vive para se relacionar. Vivemos para criar laços. Para construir
pontes. É para isso que vivemos. E nos relacionamos, o tempo todo,
por meio da comunicação.
É
comunicando, é tornando comum, que eu me relaciono, me
aproximo do outro. É por meio da fala, do gesto e do olhar – que
também tanto comunicam – que eu toco o outro, que eu faço saber
minhas idéias, meus sentimentos. Na comunicação acontece – ou
deveria acontecer...– a entrega. Na comunicação se estabelecem os
elos.
E
eu estabeleço elos todos os dias. Todos os dias, eu me entrego. Faço
da comunicação meu ofício... faço da minha paixão pelo cuidar,
pelas pessoas e pela própria comunicação minha rotina, meu espaço,
meu labor. O tempo todo, comunico, e trabalho para que as pessoas
comuniquem. Faço isso porque acredito que a vida é rica, é dádiva
por demais preciosa, e precisa ser celebrada, “colhida”,
diariamente. A vida não precisa de grandes acontecimentos... a gente
celebra o instante, o cardápio de hoje – e o que se planeja para
daqui um ano.
A
vida acontece, o tempo todo – e isso merece ser comunicado,
compartilhado e celebrado.
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