O
neto de um paciente meu me contou hoje que, ao ver quatro gerações
de sua família atuando na área da saúde, tudo o que ele não quis,
diferente de tantos exemplos em sua casa, foi ser médico ou
dentista: graduou-se engenheiro naval, e hoje atua no mercado
financeiro.
A
conversa me fez pensar nos processos de escolha, e o quanto estamos
cientes deles – ou não. Escolher implica em analisar as opções
disponíveis, e optar por aquela que lhe pareça a melhor, a mais
razoável, aquela cuja probabilidade de sucesso no futuro seja maior. Ou, no
outro extremo, a que pareça que vai lhe causar menos incômodo ou a menor dor possível – quando se trata de uma questão difícil, e
qualquer alternativa sabidamente causará sofrimento.
Os
processos de escolhas podem ser também analisados à luz das
religiões. Cada uma, conforme sua doutrina, discorre sobre o que
podemos ou não escolher, e o quanto devemos agir de forma “autônoma”
– assim mesmo, entre aspas, porque a questão da autonomia e do
livre arbítrio também é pontuada de forma muito distinta pelos
diversos olhares religiosos.
Para
além dos inúmeros fatores que não controlamos, diariamente, em
nossas vidas, acredito profundamente em nossa possibilidade de fazer
escolhas – e acredito ainda que é nesta dádiva que reside nosso
único e real poder sobre a própria vida. Cabe a mim escolher o que
quero. Cabe a mim analisar com cuidado as opções disponíveis. Cabe
a mim compreender tanto porque escolhi a, e, ao mesmo tempo,
porque não escolhi b, c ou d. Não se trata de
apenas saber porque se escolheu – tanto quanto, a questão é
entender por quais razões não se escolheu.
É
nesta minúscula ilha que reside nossa real possibilidade de ação.
O mais em volta? Mar, oceano, onde iremos apenas navegar, ao sabor do
vento, do sol, e de tantas intempéries.
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