sábado, 3 de dezembro de 2011

Escolhas


O neto de um paciente meu me contou hoje que, ao ver quatro gerações de sua família atuando na área da saúde, tudo o que ele não quis, diferente de tantos exemplos em sua casa, foi ser médico ou dentista: graduou-se engenheiro naval, e hoje atua no mercado financeiro.

A conversa me fez pensar nos processos de escolha, e o quanto estamos cientes deles – ou não. Escolher implica em analisar as opções disponíveis, e optar por aquela que lhe pareça a melhor, a mais razoável, aquela cuja probabilidade de sucesso no futuro seja maior. Ou, no outro extremo, a que pareça que vai lhe causar menos incômodo ou a menor dor possível – quando se trata de uma questão difícil, e qualquer alternativa sabidamente causará sofrimento.

Os processos de escolhas podem ser também analisados à luz das religiões. Cada uma, conforme sua doutrina, discorre sobre o que podemos ou não escolher, e o quanto devemos agir de forma “autônoma” – assim mesmo, entre aspas, porque a questão da autonomia e do livre arbítrio também é pontuada de forma muito distinta pelos diversos olhares religiosos.

Para além dos inúmeros fatores que não controlamos, diariamente, em nossas vidas, acredito profundamente em nossa possibilidade de fazer escolhas – e acredito ainda que é nesta dádiva que reside nosso único e real poder sobre a própria vida. Cabe a mim escolher o que quero. Cabe a mim analisar com cuidado as opções disponíveis. Cabe a mim compreender tanto porque escolhi a, e, ao mesmo tempo, porque não escolhi b, c ou d. Não se trata de apenas saber porque se escolheu – tanto quanto, a questão é entender por quais razões não se escolheu.

É nesta minúscula ilha que reside nossa real possibilidade de ação. O mais em volta? Mar, oceano, onde iremos apenas navegar, ao sabor do vento, do sol, e de tantas intempéries.

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