Hoje o post é mais longo que o usual... mas falar de paixão e ser sucinta é paradoxo demais para mim...
O último compromisso do dia foi uma visita à Livraria Cultura, do Conjunto Nacional, para retirar o exemplar de um livro que eu havia reservado. Último compromisso do dia? Na Livraria Cultura? Delícia...
Retirei meu livro (literatura especializada, da qual gosto muito, sobre distúrbios de linguagem neurogênicos, mas é literatura especializada, ok?) e, óbvio, não iria me furtar de flanar um pouco naquele espaço do qual tanto gosto. Foi assim, à toa, que dei de cara com um exemplar de “Para viver um grande amor”, do Drummond. Delícia, de novo... “Não comerei da alface a verde pétala (…) sou animal onívoro...”
De Drummond para a palavra exata do dia foi um pulo: imediatamente me recordei do que entendo como o início da minha paixão por livros: minhas vivências na biblioteca da escola, quando eu cursava o antigo primeiro grau.
Sempre que podia, eu “escapava” das aulas – principalmente as de Educação Física – para a biblioteca. Nunca me dei bem nas quadras, e aproveitava a proximidade física destes espaços para me aventurar nas prateleiras recheadas de títulos, separadas por séries. Lamento que não tenha insistido nas aulas nas quadras – talvez tivesse hoje uma coordenação motora mais próxima do mínimo razoável – mas freqüentar a biblioteca com assiduidade foi algo que me marcou profundamente.
Sei que o que escrevo agora pode provocar alguma agitação entre os caros leitores deste blog, mas lembro que li poucos títulos da Série Vagalume, e gostei de um número ainda menor. Em contrapartida, li quase todos os títulos da encantadora série “Para gostar de ler” – gostei muitíssimo de todos que li, principalmente os volumes de contos e crônicas. Conheci Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e tantos outros autores assim.
Com as idas cada vez mais freqüentes à biblioteca, rapidamente passei dos títulos indicados para a minha série (5a. série) para as mais adiantadas. E foi assim que me encantei com “O Diário de Anne Frank”, “Eu, Cristiane F., 13 anos, drogada e prostituída”, “Feliz Ano Velho”, e os todos os exemplares de Machado de Assis que estavam por lá: de contos, Memórias Póstumas de Brás Cubas, e a história insuperável de Bentinho e Capitu – Dom Casmurro li quatro vezes, até a oitava série, e depois ainda mais... (Silvana T., Dom Casmurro com certeza é um bolo do qual sempre quero mais um pedaço).
Essa é a história do início da minha paixão por livros... ela continuou depois, no segundo grau, quando fiz amizade com os biblotecários da ETE Lauro Gomes e consegui passe livre para passear entre as prateleiras da bibloteca de lá... foi crescendo alimentada por passeios a sebos, e muitas outras livrarias e bibliotecas. As tecnologias de hoje permitem baixar livros com um simples clique na tela do computador – e acho que isso é também muito bom – mas a delícia de encontrar entre tantos títulos um que te encante e te faça suspirar... ah, isso é bom demais. Isso é apaixonante.
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