domingo, 8 de abril de 2012

Fio


Páscoa.


Época, sobretudo, para renascer.


Reuniu forças, em um desejo sincero, e cercou-se de músicas, e de mensagens, e de palavras, de fitas de cetim, de cheiros e aromas. Buscava atiçar a memória de todas as formas. Olhou dedicatórias em livros, encontrou azeites e vinhos e funghi porcini na cozinha.


Dias atrás, a vela que lhe fora dada por um velho senhor gentil, na procissão, apagara vezes seguida, e ela a reacendera, até que aprendeu a manejá-la, a protegê-la contra as rajadas do vento, e a chama seguiu seu curso, por vezes mais impestuoso, mais intenso, e outras vezes mais tranquilo, até a vela toda se consumir.


E agora, ferida tantas vezes no mesmo lugar – Deus do céu, tantas e tantas vezes no mesmo lugar! – sabia que conseguiria renascer. Renascia, sempre. Só não sabia mais do sentimento em si. Esse, por mais que quisesse, não sabia mais se iria conseguir fazer reviver.


La esperanza dice "quieta, hoy quizás sí..." 
Rosas, La Oreja de Van Gogh

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