sábado, 21 de maio de 2011

Manhãs de sábado

O post de hoje foge a regra... porque não é uma palavra exata! Mas foi um texto escrito em 2002, e acho que cabe perfeitamente para o agora. Portanto, fica.

Para Sílvia, para Priscilla, e para todos os amigos com quem já compartilhei manhãs de sábado.

São coisas deliciosas, manhãs de sábado. Têm cheiros únicos, sabores novos, agradáveis ao paladar. Manhãs de sábado são sempre manhãs novas, coloridas, translúcidas, meninas pequenas vestidas de rosa aprendendo a bailar.

Os ares de uma manhã de sábado entram no corpo pelo nariz, pela boca, pelos olhos, por todos os poros, e a pele do corpo irradia luz. Ah, sábado! Manhas de uma manhã...

Manhãs de sábado devem ser vividas um pouco a sós. São pérolas pequenas, tesouros guardados no fundo do baú, há que se ter cuidado com quem dividi-las. Não pode ser com aquele amigo que, ao ouvir uma história, sempre terá outra melhor ou pior para contar. Manhãs de sábado não são para gananciosos, nem para apressados. A luz entra, lentamente, pelas frestas da janela, e a música dos ventos nas árvores, dos pássaros, na rádio, precisa acordar devagar.

Manhãs de sábado são para pulsar... São para brincar com a luz e as sombras, para lembrar as histórias da infância, para passear no parque. Lá, pode-se encontrar aquele amigo querido, especial, aquele que sabe o valor de uma paçoca de amendoim, de um silêncio prolongado no meio da história, o amigo que sabe falar, calar e ouvir, o amigo que sabe compartilhar, dividir.

Não é preciso que entenda de Química, mas deve ser capaz de diferenciar os cheiros de uma manhã de sábado. Não é nem mesmo preciso que saiba tudo o que se passa, nesse mundo tão vasto e escasso de manhãs de sábado, mas deve reconhecer sua ignorância e respeitar essa diversidade.

É preciso, sobretudo, que seja sensível — manhãs de sábado são meninas novas, tímidas, e não se mostram todas aos olhos de quem não saiba respeitá-las.

Manhãs de sábado são para lavar o rosto com água fria e despertar... E assim, desperto, assar o pão, coalhar o leite, e alimentar o corpo e a alma com a poesia dessas manhãs.

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