A palavra exata para sábado, 6 de agosto.
Pé ante pé, tentou se equilibrar no meio fio. Água da chuva que tinha parado há pouco ainda correndo ao seu lado, o dia virando noite no horizonte, um ar quente subindo do asfalto. Esticou os braços, mantendo-os paralelos ao chão, e pensou no trapézio de um circo. Não, nunca seria trapezista. Nem bailarina. Queria viver muitas vidas, mas também não seria atriz.
Queria o trabalho e o descanso. Queria o prazer e a dor. Queria a noite e o dia, iguais entre si, equânimes. Queria o doce e o salgado. Havia mudado, aliás, porque hoje em dia queria menos doce que antes. Queria também o amargo. Queria provar todos os sabores. Queria o silêncio da noite. Queria o choro de uma criança, queria o colo da mãe (queria?). Queria a melodia e o silêncio, queria outros (todos?) os ares, outras (todas?) as terras. Queria outro país, queria outro mundo. Precisava, de repente, provar tudo. Para então encontrar o equilíbrio dentro de si.
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