Você tem fome de quê? (Comida, Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Brito).
Os quatro estavam famintos. Os pés já não obedeciam mais; o sorriso estava quase crispando; a boca, seca. Era hora de comer. Já tinha passado da hora de comer.
Consultaram o guia, encontraram um restaurante a 100 metros de onde estavam. Con (viver) é exercitar sua tolerância, sua generosidade, sua paciência, sempre – mesmo com fome, ainda mais com fome. Opinaram os quatro, dois gostaram, dois não (quase sempre assim, por supuesto...) Saíram do restaurante, mais famintos ainda, mas dispostos a encontrar outro.
Nova consulta ao guia, nova consulta ao mapa, outra opção disponível: siga em frente, até o final à direita, depois mais um tanto, vire à esquerda. Chegaram, finalmente. Ainda que todos estivessem mais famintos, (con) viver só é possível porque você permite ao outro ser feliz, e o outro permite que você o seja: acordo feito à porta, sim, sim, vamos ficar apenas se todos quiserem. Parece simples? Só parece – precisa disponibilidade, muita, para conceder, para fazer dar certo (ainda mais cansados, ainda mais com fome, muita fome!)
Gostaram da fachada; foram bem recebidos à porta; sentaram-se à mesa confortavelmente; o ambiente era agradável e limpo; da cozinha vinha um cheiro fumegante e bom. Questionaram-se, os quatro, “tudo bem para você?” “pra mim, tudo bem”, e decidiram ficar.
E foi assim que tomaram um vinho maravilhoso; foi assim que provaram massas e carnes maravilhosas. Foi assim que passaram horas rindo, conversando, suspirando, provando o valor de coisas boas na vida.
Marco, Alex, Michelle: obrigada, queridos. Porque provei com vocês o amor, a amizade, o gosto bom de viver.
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