domingo, 1 de janeiro de 2012

Alegrias


Um bem-te-vi, há algumas horas, ficou dando vôos rasantes na piscina, tomando banho... eu me perguntei se é o mesmo bem-te-vi que já vi fazendo isso algumas outras vezes, mas sempre mais cedo... lá pelas 6h da manhã. Fiquei olhando o bem-te-vi, em êxtase, e com vontade de mergulhar também.

Pensei em ir ao parque caminhar, mas o tempo hoje não está exatamente convidativo. Resolvi então caminhar aqui em casa, mesmo. Desci, e fiquei por uma hora lá embaixo. A percepção de tudo muda. O vento balançando as folhas dos bambus... uma dança que me fez pensar em Terpsícore... então me lembrei da dança das águas e das luzes se acendendo no Ibirapuera na noite de quinta-feira, e de como aquilo tudo me encheu de alegria e um pouco de tristeza, ao mesmo tempo.

Caminhei, e o corpo voltou molhado com a água da chuva, quente, o sangue correndo pelas veias, o coração palpitando feliz, e a cabeça cheia de idéias... uma delas foi esse texto, não exatamente o padrão de textos desse blog... esse é explícita e rasgadamente pessoal.

Lembrei de Rubem Alves (sim, de novo!) e de como ele fala que as alegrias são pequenas e efêmeras... e pensei na alegria de ter visto o bem-te-vi... na alegria que foi receber pessoas queridas ontem... na alegria que é simplesmente estar viva, e poder, pura e simplesmente, viver. A vida é assim, efêmera.

Pensei em como a gente pode se apegar à alegria ou à tristeza... como um encontro entre duas pessoas pode propiciar as mais diferentes impressões e sensações. Como se pode sair feliz, respirando música e poema, ou como se pode sair triste, com um gosto amargo na boca, porque foi o último sabor que se provou. Mas o amargo não faz parte da vida, também? Não é preciso prová-lo, também? E, em última instância, sentir esse sabor não é também uma dádiva?

Não, não estou fazendo “O Jogo do Contente”. Estou, uma vez mais – como sempre, ainda bem! – fazendo as leituras do que me acontece. Como disse a Sílvia, esses dias, “a lucidez não nos livra dos dramas.” Sim, e quer saber? Ainda bem.

Não há outra forma de viver.

(…)

Primeiro dia do ano... vou aproveitar o clima... esse blog sairá de férias. Escrever é, ao mesmo tempo, ócio e cio. Atividade deliciosa, por vezes dolorosa... sempre uma entrega, escrever. Eu queria esticar os posts até comemorar os 5000 acessos (o que deve acontecer daqui a pouco, que bom!), mas, enquanto aquecia o corpo, mudei de idéia.

Voltaremos em fevereiro... ou talvez um pouco antes... se eu não aguentar de saudades de escrever.

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