Um
bem-te-vi, há algumas horas, ficou dando vôos rasantes na piscina,
tomando banho... eu me perguntei se é o mesmo bem-te-vi que já vi
fazendo isso algumas outras vezes, mas sempre mais cedo... lá pelas
6h da manhã. Fiquei olhando o bem-te-vi, em êxtase, e com vontade
de mergulhar também.
Pensei
em ir ao parque caminhar, mas o tempo hoje não está exatamente
convidativo. Resolvi então caminhar aqui em casa, mesmo. Desci, e
fiquei por uma hora lá embaixo. A percepção de tudo muda. O vento
balançando as folhas dos bambus... uma dança que me fez pensar em
Terpsícore... então me lembrei da dança das águas e das luzes se
acendendo no Ibirapuera na noite de quinta-feira, e de como aquilo
tudo me encheu de alegria e um pouco de tristeza, ao mesmo tempo.
Caminhei,
e o corpo voltou molhado com a água da chuva, quente, o sangue
correndo pelas veias, o coração palpitando feliz, e a cabeça cheia
de idéias... uma delas foi esse texto, não exatamente o padrão de
textos desse blog... esse é explícita e rasgadamente pessoal.
Lembrei
de Rubem Alves (sim, de novo!) e de como ele fala que as alegrias são
pequenas e efêmeras... e pensei na alegria de ter visto o
bem-te-vi... na alegria que foi receber pessoas queridas ontem... na
alegria que é simplesmente estar viva, e poder, pura e simplesmente,
viver. A vida é assim, efêmera.
Pensei
em como a gente pode se apegar à alegria ou à tristeza... como um
encontro entre duas pessoas pode propiciar as mais diferentes
impressões e sensações. Como se pode sair feliz, respirando música
e poema, ou como se pode sair triste, com um gosto amargo na boca,
porque foi o último sabor que se provou. Mas o amargo não faz parte
da vida, também? Não é preciso prová-lo, também? E, em última
instância, sentir esse sabor não é também uma dádiva?
Não,
não estou fazendo “O Jogo do Contente”. Estou, uma vez mais –
como sempre, ainda bem! – fazendo as leituras do que me acontece.
Como disse a Sílvia, esses dias, “a lucidez não nos livra dos
dramas.” Sim, e quer saber? Ainda bem.
Não
há outra forma de viver.
(…)
Primeiro
dia do ano... vou aproveitar o clima... esse blog sairá de férias.
Escrever é, ao mesmo tempo, ócio e cio. Atividade deliciosa, por
vezes dolorosa... sempre uma entrega, escrever. Eu queria esticar os
posts até comemorar os 5000 acessos (o que deve acontecer daqui a
pouco, que bom!), mas, enquanto aquecia o corpo, mudei de idéia.
Voltaremos
em fevereiro... ou talvez um pouco antes... se eu não aguentar de
saudades de escrever.
Nenhum comentário:
Postar um comentário