Depois de presenciar,
tão de perto, uma cena de violência chocante e banal (meu Deus,
como nossa vida é frágil!) não há mais nada que eu possa
registrar aqui, hoje, a não ser: muito obrigada, Santo Deus, por
estar viva. Ganhei o presente de estar viva e estar bem, hoje, de novo.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Substância
O termo exato para 30 de janeiro, segunda-feira.
Há qualquer coisa de
etéreo nesse seu jeito de falar.
Há qualquer coisa de
sublime nesse seu olhar.
Seu carinho, sempre
terno.
Seu abraço é sagrado.
Seus beijos são
profanos.
E há sempre
algo que escapa
por entre os dedos
matéria imprecisa
invisível
que não se consegue
definir
e nomear
mas que toca
e provoca
todos os sentidos.
Tríptico
ou Prece, ou Escultura.
As palavras para domingo, 29 de janeiro.
Aquele tríptico, já carcomido pelo tempo, fora um dia um belo oratório. Admirou-o. Depois, sem mais pensar, ajoelhou-se diante dele. E, em suas preces, desejou a história inacabada. Escultura de arte que tenda para o infinito, que o artista cria e da qual se alimenta, posto que lhe inspira a criar outras e outras e outras esculturas. Sem aquela nunca terminar.
As palavras para domingo, 29 de janeiro.
Aquele tríptico, já carcomido pelo tempo, fora um dia um belo oratório. Admirou-o. Depois, sem mais pensar, ajoelhou-se diante dele. E, em suas preces, desejou a história inacabada. Escultura de arte que tenda para o infinito, que o artista cria e da qual se alimenta, posto que lhe inspira a criar outras e outras e outras esculturas. Sem aquela nunca terminar.
sábado, 28 de janeiro de 2012
Delicar
Acordei com o desejo de tornar delicado o dia. Pensei, então, que delicado é um adjetivo tão bonito... deveria ser transformado em verbo para ser posto em prática vezes sem conta.
Assim, com uma nova palavra no meu léxico e na minha vida, eu me pus a delicar...
Deitei fora a água que alimentava as rosas amarelas... mais três feneceram, ficou agora uma só... troquei-a de vaso, pus um adorno e fiquei esperando que esta também feneça... é assim, bela e finita, a vida.
Cortei os talos das rosas brancas e vermelhas; limpei-os, e os arranjei no outro vaso, com os ramos verdes que antes abarcavam a rosas amarelas. Ficou um arranjo simples, e cheio de beleza.
Depois fui estender os lençóis e as toalhas de banho para secar... e desta vez eles me delicaram, tocando minha pele com cuidado, um perfume muito tênue e suave deles se desprendendo... o leve balançar provocado pela brisa... isso tudo me lembrou da beleza que pode existir ali, pequena, no estar doméstico, nos cuidados e afazeres do dia.
O café com leite com seu amargor me delicou as papilas gustativas. Desmanchar a maciez do pão me delicou os dentes, a mucosa da boca, a língua.
Tudo à minha volta reverbera delicadeza. Não sei se é a vida que se transforma, ou se sou eu, apenas, que – delicadamente – desperto, uma vez mais, para a vida.
Assim, com uma nova palavra no meu léxico e na minha vida, eu me pus a delicar...
Deitei fora a água que alimentava as rosas amarelas... mais três feneceram, ficou agora uma só... troquei-a de vaso, pus um adorno e fiquei esperando que esta também feneça... é assim, bela e finita, a vida.
Cortei os talos das rosas brancas e vermelhas; limpei-os, e os arranjei no outro vaso, com os ramos verdes que antes abarcavam a rosas amarelas. Ficou um arranjo simples, e cheio de beleza.
Depois fui estender os lençóis e as toalhas de banho para secar... e desta vez eles me delicaram, tocando minha pele com cuidado, um perfume muito tênue e suave deles se desprendendo... o leve balançar provocado pela brisa... isso tudo me lembrou da beleza que pode existir ali, pequena, no estar doméstico, nos cuidados e afazeres do dia.
O café com leite com seu amargor me delicou as papilas gustativas. Desmanchar a maciez do pão me delicou os dentes, a mucosa da boca, a língua.
Tudo à minha volta reverbera delicadeza. Não sei se é a vida que se transforma, ou se sou eu, apenas, que – delicadamente – desperto, uma vez mais, para a vida.
domingo, 15 de janeiro de 2012
Choro
Para quebrar o jejum...
Choro por tudo o que vivi...
Choro pela beleza que existiu em todos os momentos. Em todas as lágrimas. Em todos os sorrisos.
Derramo minhas lágrimas pelo amor que sempre existiu...
Derramo minhas lágrimas pelo amor profundo que, desde sempre, permeou minha existência, e todas as coisas que construi. Tudo o que, juntos, construimos.
Há tanta beleza em tudo o que já vivi...
Choro por compreender que a vida é um ciclo... existe início e fim, as pessoas chegam e, um dia, se vão... estamos, o tempo todo, em movimento. Nós somos estações... nós e nossos sentimentos.
Há que se encontrar terreno fértil para florescer... e haverá o tempo de desfolhar, e renascer.
Minha alma transborda, como a chuva lá fora, pelas coisas que – ainda não sei como, não sei quando, não sei com quem – hão de vir...
Só o tempo.
Choro por tudo o que vivi...
Choro pela beleza que existiu em todos os momentos. Em todas as lágrimas. Em todos os sorrisos.
Derramo minhas lágrimas pelo amor que sempre existiu...
Derramo minhas lágrimas pelo amor profundo que, desde sempre, permeou minha existência, e todas as coisas que construi. Tudo o que, juntos, construimos.
Há tanta beleza em tudo o que já vivi...
Choro por compreender que a vida é um ciclo... existe início e fim, as pessoas chegam e, um dia, se vão... estamos, o tempo todo, em movimento. Nós somos estações... nós e nossos sentimentos.
Há que se encontrar terreno fértil para florescer... e haverá o tempo de desfolhar, e renascer.
Minha alma transborda, como a chuva lá fora, pelas coisas que – ainda não sei como, não sei quando, não sei com quem – hão de vir...
Só o tempo.
domingo, 1 de janeiro de 2012
Para ouvir
"Un terrain sur une ile, la place..pour reconstruire
Deux trois granges dans un coin, et nous seul dans ce jardin
Confiseur merci, des mélodies en si.
Suspendu a tes mains jolie tour du destin..."
Alegrias... e amor.
Para compartilhar
Até
parece que eu iria tirar férias sem deixar muitas palavras que me
são caras e exatas por aqui...
“O
mar de manhã.
O
barulho da fonte nos rochedos sobre as paredes de pedra.
O
vento do mar de noite, numa ilha...
(…)
O
olhar e tudo o que ele olha.
As
nove portas da percepção.
O
torso humano.
O
som de uma viola e de uma flauta indígena.
Um
gole de uma bebida fria ou quente.
Pão.
(...)
O
sono na cama.
O
silêncio entre dois amigos.”
Trecho
de Os três nomes de Deus, R. Alves, in Ostra feliz não faz pérola.
Alegrias
Um
bem-te-vi, há algumas horas, ficou dando vôos rasantes na piscina,
tomando banho... eu me perguntei se é o mesmo bem-te-vi que já vi
fazendo isso algumas outras vezes, mas sempre mais cedo... lá pelas
6h da manhã. Fiquei olhando o bem-te-vi, em êxtase, e com vontade
de mergulhar também.
Pensei
em ir ao parque caminhar, mas o tempo hoje não está exatamente
convidativo. Resolvi então caminhar aqui em casa, mesmo. Desci, e
fiquei por uma hora lá embaixo. A percepção de tudo muda. O vento
balançando as folhas dos bambus... uma dança que me fez pensar em
Terpsícore... então me lembrei da dança das águas e das luzes se
acendendo no Ibirapuera na noite de quinta-feira, e de como aquilo
tudo me encheu de alegria e um pouco de tristeza, ao mesmo tempo.
Caminhei,
e o corpo voltou molhado com a água da chuva, quente, o sangue
correndo pelas veias, o coração palpitando feliz, e a cabeça cheia
de idéias... uma delas foi esse texto, não exatamente o padrão de
textos desse blog... esse é explícita e rasgadamente pessoal.
Lembrei
de Rubem Alves (sim, de novo!) e de como ele fala que as alegrias são
pequenas e efêmeras... e pensei na alegria de ter visto o
bem-te-vi... na alegria que foi receber pessoas queridas ontem... na
alegria que é simplesmente estar viva, e poder, pura e simplesmente,
viver. A vida é assim, efêmera.
Pensei
em como a gente pode se apegar à alegria ou à tristeza... como um
encontro entre duas pessoas pode propiciar as mais diferentes
impressões e sensações. Como se pode sair feliz, respirando música
e poema, ou como se pode sair triste, com um gosto amargo na boca,
porque foi o último sabor que se provou. Mas o amargo não faz parte
da vida, também? Não é preciso prová-lo, também? E, em última
instância, sentir esse sabor não é também uma dádiva?
Não,
não estou fazendo “O Jogo do Contente”. Estou, uma vez mais –
como sempre, ainda bem! – fazendo as leituras do que me acontece.
Como disse a Sílvia, esses dias, “a lucidez não nos livra dos
dramas.” Sim, e quer saber? Ainda bem.
Não
há outra forma de viver.
(…)
Primeiro
dia do ano... vou aproveitar o clima... esse blog sairá de férias.
Escrever é, ao mesmo tempo, ócio e cio. Atividade deliciosa, por
vezes dolorosa... sempre uma entrega, escrever. Eu queria esticar os
posts até comemorar os 5000 acessos (o que deve acontecer daqui a
pouco, que bom!), mas, enquanto aquecia o corpo, mudei de idéia.
Voltaremos
em fevereiro... ou talvez um pouco antes... se eu não aguentar de
saudades de escrever.
Para ouvir
Da trilha sonora da minha passagem de ano (Síl, querida, amei a playlist).
Gostei de muitas, mas essa reverberou...
Gostei de muitas, mas essa reverberou...
"Je fais peu mais je fais bien
En t'attendant"
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